terça-feira, fevereiro 21, 2006

As pessoas como elas são

Caso único!

Numa aula, num dia de dezembro de 2005, perto das 11:00... Ao fim de tanto andar para trás e para a frente no corredor da sala de aula enquanto um grupo apresentava um trabalho sobre fabricação em massa da morte causada pelo nazismo, o belo professor, incomodado sabe-se lá a razão, tem uma deliciosa saída. Professor na casa dos seus 60 anos, é uma personagem caricata, pela forma de estar e de aparência contrastante nas cores usadas sobre o seu corpo esguio. Estava eu atento à apresentação grupal de interessante trabalho que nem sequer me apercebi que ao meu lado ecoaram sons vindos de algum lugar. Tal o meu estado de transe ao ouvir atentamente todas as informações proferidas pelos meus colegas, se à segunda investida percebi que tais sons eram dirigidos à minha pessoa. "Acha que isto são maneiras de ser estar numa sala desta instituição que é uma universidade? Se pensa que isto é uma esplanada ou um café convido-o a sair...", indicou o professor, enquanto eu ainda me restabelecia das horrendas atrocidades praticadas aos judeus que estiveram nos diversos campos de concentração alemães. Passo a explicar a minha posição: imaginem que estão de perna cruzada, braço esquerdo esticado como que se estivessem a abraçar a cadeira ao lado mas tendo o vosso braço em cima da mesa atrás. Tiraram a foto? Agora coloquem uma bela rapariga nessa cadeira... Eis o choque de gerações!!! Será que o professor queria ver algum tipo de sexo? Porque será que as pessoas fazem juízos de valor sem conhecer as verdadeiras causas e situações em concreto? Seria a intenção do professor acordar e chocar com as ideologias em jogo? Afirmo: a posição física em que me encontrava poderia dar aso a interpretações do género mas, até que ponto terá veracidade a forma de interacção e interpretação do dito professor? As pessoas têm os seus pontos de vista e as suas reacções são fruto das experiências vividas. O passado recente foi uma era complicada, com extremas censuras. Os inconformados tentaram recorrer a formas alternativas de se expressarem, muitos com sucesso, ainda que na clandestinidade. Factos que alteram mentalidades, é lógico. No entanto, vivemos na chamada democracia, onde todos podem dizer aquilo que apetece: viva a liberdade!!! Mas coloca-se a questão: pessoas com mentalidades fechadas na sociedade actual, qual o resultado? A resposta foi simples: um olhar para o professor, um fecho do caderno dos apontamentos da aula com um estrondo, um novo olhar para o professor e a saída da sala de aula... Num curso como o meu, acho inadmissível mentalidades "fechadas".

1 Comments:

At 4:37 da tarde, Blogger Sarita said...

Percebo o que sentiste... Também, (não na mesma situação) já me senti assim! As pessoas fazem filmes nos quais acreditam e o que não for de acordo com o que pensam e gostam têm que criticar... se assim fosse éramos todos iguais ou só nos davamos com pessoas iguais a nós, não era? Principalmente os professores... deviam ter em conta tantas outras coisas quando tomam essas atitudes! É uma questão de respeito e de dar espaço às diferenças...

 

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